sexta-feira, 29 de março de 2024

UMA REFLEXÃO SOBRE A SABEDORIA

 

 

Sabedoria

Muitas vezes, no intuito de ensinar, alguns instrutores vendem ensinamentos de outros - sejam esses ensinamentos adquiridos através de livros, palestras, cursos etc.- como se fossem seus.

 Ou seja, reproduzem a experiência alheia, comportando-se como o autêntico experimentador.

 Abriu mão da própria experiência, apropriou-se de um conhecimento de segunda mão e passa a ensiná-lo. Nesse plágio, os ensinamentos passam de mente em mente, como se viessem do último instrutor.

 Isso não passa de viagens imaginárias.

 Só uma mente inocente e silenciosa é capaz de absorver e expressar o inimaginável.

 Como estudantes e inquiridores de nós mesmos, precisamos estar cônscios dessas manobras mentais na busca da auto-afirmação e da segurança psicológica. Pois, essas coisas impedem a reta percepção e o correto pensar." — Krishnamurti

 "Podeis, pois, sem hesitação, lançar fora todos os livros sagrados, para começardes de novo, porque eles, com seus intérpretes, seus instrutores e gurus, não vos trouxeram nenhum esclarecimento.

 Sua autoridade, sua disciplina compulsória, suas sanções, são absolutamente sem valor."

 O Novo Ente Humano - ICK 

 "Conhecer a si mesmo é sabedoria.

 

 Podeis ignorar todos os livros do mundo (e espero que sim), podeis ignorar as mais modernas teorias, mas isso não é ignorância. Não nos conhecermos profundamente, fundamentalmente, é ignorância; e não podeis conhecer-vos se não sois capazes de olhar-vos, de vos verdes exatamente como sois, sem nenhuma deformação, sem nenhum desejo de mudar nada.

 

Então, o que vedes se transforma, porque a distância entre o observador e a coisa observada desapareceu e, por conseguinte, não há conflito." - Krishnamurti 

 

- Onde está a bem-aventurança - Ed. ICK

Pergunta: Que é sabedoria? É diferente do saber?

 

 - Que é saber? Por certo, o saber é o princípio acumulador que existe em todos nós, e que é a memória. (…) Saber é um processo de verbalização; e tudo aquilo que foi acumulado, e que é experiência, memória, ou saber, nunca trará verdade.(1)

 

(…) A experiência, pois, é um processo de reação da mente condicionada; e onde há o saber ou o acúmulo de experiências, lembranças, palavras, símbolos, imagens, não pode haver compreensão. Só pode surgir a compreensão quando estamos livres do saber.(2) 

 

Assim, pois, a compreensão não é o resultado de acumulação, e sabedoria não é saber.

 

A sabedoria é independente do saber. (…) A sabedoria tem existência momento a momento, ao passo que o saber nunca pode livrar-se do passado, do tempo.

 

A sabedoria é livre do tempo, (…). O homem que sabe pode não ser sábio, porque o seu próprio conhecimento nega a sabedoria.(3)

 

A memória é experiência acumulada e o que está acumulado é o que se sabe, e o que se sabe é sempre coisa passada.

 

Com essa carga de lembrança é possível descobrir-se (…)

 

o Atemporal? Não é necessário estarmos libertos do passado para que possamos conhecer o Imensurável? (…)

 

A sabedoria não é memória acumulada, porém, antes, suprema receptividade para o Real.(4) 

 

Se tenho um problema e desejo realmente compreendê-lo, não devo aplicar-me a ele com a mente cheia de preocupação e agitação. Tenho de fazê-lo com a mente livre; porque só a mente passível, a mente vigilante, é capaz de compreensão.

 

A mente que é capaz de estar silenciosa está apta a receber a verdade. (…) A verdade é totalmente nova, livre. A ela não podemos chegar-nos com idéias preconcebidas, não é ela a experiência alheia.(5) 

 

Sabedoria não é acumulação de conhecimentos e experiência; a sabedoria não se adquire nos livros, (…).

 

Nasce a sabedoria só quando há liberdade da mente; e a mente que está tranqüila encontrará o Atemporal, que é Imensurável, surgido na existência.(6)

 

Sabedoria não é algo que se experimente ou se encontre em algum livro. A sabedoria não é coisa que se possa experimentar, (…) captar, acumular.

 

Pelo contrário, a sabedoria é um “estado de ser” em que não há acumulação de espécie alguma; não se pode acumular sabedoria.(7)

 

Digo que a sabedoria não pode ser comprada. A sabedoria não se encontra no processo de acumulação; não é o resultado de inúmeras experiências; nem é adquirida pelo estudo.

 

A sabedoria, a vida mesma, só pode ser entendida quando a mente estiver livre desse senso de busca, dessa procura de conforto, dessa imitação, pois estes são apenas meios de fuga.(8)

 

A sabedoria não é uma coisa que venha por meio de orientação, do seguir, por meio da leitura de livros.

 

Não podeis aprender a sabedoria de segunda mão; entretanto, é isto o que estais tentando fazer. Assim, dizeis: “guiai-me, auxilai-me, libertai-me”.(9) 

 

O conhecimento nada tem que ver com a sabedoria.

 

A sabedoria não pode ser comprada; é natural, espontânea, livre. Não é mercadoria que possais comprar de vosso guru, instrutor, ao preço de disciplinas.(10)

 

Ora, confiamos demais no saber. O homem que escreve um livro sobre a mente ou que disserta a respeito da mente, aceitamo-lo como autoridade.

 

Damos um nome ao seu pensamento, e o esposamos. Nunca nos pomos a investigar o inteiro processo do nosso pensar, para descobrirmos por nós mesmos.

 

E é por isso que temos tantos líderes, cada um fazendo valer a sua autoridade, e nos dominando.

 

E pode alguém lançar fora tudo isso e descobrir as coisas por si mesmo? Porque (…) o saber é um obstáculo à compreensão.(11) 

 

Se um homem deseja construir uma ponte, para isso ele necessita, naturalmente, de saber, (…) de uma certa capacidade técnica. Mas, pode-se ter de antemão o conhecimento, isto é, a compreensão, de uma coisa viva?

 

O que chamais “eu” é uma coisa viva, da qual não se pode ter conhecimento prévio.

 

Pode-se ter experiências a ele relativas, ou conhecer o que outros disseram a seu respeito, mas se um de nós se põe a examinar a si mesmo, com um conhecimento prévio, nunca descobrirá o que é realmente.(12)

 

Com nossa busca de saber, com nossos desejos gananciosos, estamos perdendo o amor, estamos embotando o sentimento do belo, a sensibilidade à crueldade; estamo-nos tornando cada vez mais especializados e cada vez menos integrados.

 

A sabedoria não pode ser substituída pela erudição.(13) 

 

Com nossa busca de saber, com nossos desejos gananciosos, estamos perdendo o amor, estamos embotando o sentimento do belo, a sensibilidade à crueldade; estamo-nos tornando cada vez mais especializados e cada vez menos integrados.

 

 A sabedoria não pode ser substituída pela erudição.(13) 

 

A erudição é necessária, a ciência tem o seu lugar próprio; mas se a mente e o coração estão sufocados pela erudição, e se a causa do sofrimento é posta de parte com uma explicação, a vida se toma vazia e sem sentido.(14)

 

O saber, o conhecimento de fatos, embora em constante crescimento, é por sua própria natureza limitado.

 

A sabedoria é infinita, abarcando o saber bem como a esfera da ação; se nos apoderarmos de um ramo, pensamos que temos a árvore toda.

 

O intelecto jamais nos levará ao todo, porque ele é apenas um segmento, uma parte.(15) 

 

Não é válida a experiência de outro para a compreensão da realidade.

 

Entretanto, as religiões organizadas, no mundo inteiro, baseiam-se na experiência de outro, e, por conseguinte, elas não estão libertando o homem, porém, ao contrário, prendendo-o a um determinado padrão e instigando os homens uns contra os outros.(16) 

 

Sabeis, a maioria de nós deseja adquirir sabedoria ou verdade por meio de outrem, mediante algo vindo do exterior.

 

Ninguém vos poderá transformar num artista; só vós próprios podereis fazê-lo.

 

É isto que desejo dizer: posso dar-vos tinta, pinceis e tela, mas vós próprios tendes de vos tornar o artista, o pintor.(17) 

 

Imaginais que qualquer sociedade ou livro vos pode dar sabedoria? Livros e sociedades podem fornecer-vos noções; (…). Se a sabedoria pudesse ser adquirida por meio de uma seita ou sociedade religiosa, todos seríamos sábios, (…).

 A sabedoria, porém, não se adquire por essa forma.

 

A sabedoria é a compreensão do fluxo contínuo da vida ou da realidade, e somente é aprendida quando a mente está aberta e vulnerável, isto é, quando a mente não está mais embaraçada pelos seus próprios desejos de auto-proteção, reações e ilusões.(18)

 

Vamos averiguar o que entendeis por sabedoria, (…).

 

Podeis conhecer, ou adquirir a sabedoria, ou só é possível conhecer fatos, e adquirir sapiência?

 

Por certo, sapiência e sabedoria são duas coisas diferentes. Podeis saber tudo a respeito de uma coisa; mas será isso sabedoria?(19)

 

A sabedoria terá de ser adquirida aos poucos, em vidas consecutivas?

 

Sabedoria será acumulação de experiência? Aquisição implica acumulação; experiência implica resíduo. (…)

 

Esse processo de acumulação será sabedoria (…)

 

Pode o homem que sabe ser sábio? O homem que sabe não é sábio, e o que não sabe é sábio.(20)

 

A acumulação, pois, nunca é sabedoria, porquanto só pode haver acumulação daquilo que se conhece; e o que se conhece não pode, nunca, ser o desconhecido.(21)

 

A verdade não pode ser acumulada. Ela não é experiência. Ela é “experimentar” - em que não há experimentador nem experiência. Conhecimento implica alguém que acumula, que junta; (…) A sabedoria é como o amor; e, privados desse amor, queremos cultivar a sabedoria.(22)

 

A sabedoria é sempre vigorosa, sempre nova. Como se pode conhecer o novo, quando há continuidade? (…) Só quando há findar, há o novo, que é criador.

 

Mas queremos continuar (…) e a mente em tais condições nunca pode conhecer a sabedoria. Pode conhecer, apenas, a sua própria projeção, suas próprias criações. (…)

 

A verdade não pode ser procurada.

 

A verdade só surge quando a mente está vazia de todo conhecimento, todo pensamento, toda experiência; e isso é sabedoria.(23) 

 

Assim, perceber o processo integral de nós mesmos é o começo da sabedoria.

 

A sabedoria não é algo que se possa comprar nos livros, (…) aprender de outras pessoas, (…) acumular pela experiência.(24)

 

A experiência é simples memória; e a acumulação de lembranças ou de conhecimentos não é sabedoria. A sabedoria, sem dúvida, é o experimentar a cada momento, sem condenação nem justificação; é a compreensão (…) de cada reação, de modo que a mente vá ao encontro de cada problema por maneira nova.(25) 

 

A erudição não é comparável com a inteligência, erudição não é sabedoria.

 

A sabedoria não é comerciável, não é artigo que se possa comprar pelo preço de estudo e da disciplina.

 

Não se encontra sabedoria nos livros; não pode ser acumulada, guardada ou armazenada na memória.

 

 A sabedoria vem pela negação do “eu”. Ter a mente aberta é mais importante do que aprender (…).

 

A sabedoria não pode ser adquirida pelo temor e pela opressão, mas só pelo exame e pela compreensão dos incidentes de cada dia, nas relações humanas.(26)

 

Uma vida primitiva não é uma vida espiritual.

 

O primitivo tem tanto medo como o chamado civilizado, e a diferença é só que seus temores são mais rudimentares, mais superficiais.

 

Mas, em certo sentido, é necessário que o indivíduo “sofisticado”, eminentemente culto, muito sabedor se torne primitivo.

 

Precisa tornar-se novo, “inocente”, morrer para todo o saber que acumulou.(27)

 

A compreensão do “eu” é o começo da sabedoria, e sabedoria não é reação.

 

Só quando compreendo todo o processo da reação, que é condicionamento, só então existe um centro sem ponto, que é a sabedoria.(28)

 

Por conseguinte, o autoconhecimento é o começo da sabedoria.

 

A sabedoria não se compra nos livros; (…) não é experiência; (…) não é a acumulação de nenhuma espécie de virtude, nem o evitar o mal.

 

A sabedoria só vem pelo autoconhecimento, pela compreensão de toda a estrutura, de todo o processo do “eu”(29)

 

Assim, pois, o autoconhecimento é o começo da sabedoria, e sem a sabedoria não pode haver tranqüilidade.

 

Sabedoria não é sapiência. A sapiência é um obstáculo à sabedoria, à revelação do “ego”, momento a momento.

 

A sabedoria não tem autoridade; ela vem à existência quando a mente começa a compreender as profundezas e amplidões da sua própria natureza, sobre as quais não é possível especular.(31)

 

Para descobrirmos o que é criador, precisamos proceder de maneira nova.

 

A mente deve estar vazia, livre de todo saber, livre da memória. Só então existe a possibilidade de relações de uma nova espécie, de um mundo novo.(32)

 

Não há caminho para a sabedoria.

Se algum caminho existe, então a sabedoria é coisa formulada de antemão, já imaginada, conhecida. (…).

 

A experiência e o saber, uma vez que são contínuos, abrem um caminho para suas próprias projeções, e por isso são sempre entraves.

 

A sabedoria é a compreensão do que é, momento a momento, sem acumulação de experiência e conhecimento. O que se acumula não dá liberdade para compreender, e sem liberdade não há possibilidade de descobrimento; (…).

 

A sabedoria é sempre nova, sempre fresca, e não há nenhum meio de a acumularmos. O meio destrói o que é novo, (…) espontâneo.(33)

 

 Vede, (…). Não interpreteis “sem conhecimento” como um estado de ignorância. Ser “sem conhecimento” é possuir a sabedoria; porque o conhecimento tem continuidade, e a sabedoria não tem.(34)

 

A mente silenciosa - mas não silenciada - só ela pode perceber o Imensurável.

 

A solução do problema (…) está na compreensão das relações; por conseguinte a meditação é o começo do autoconhecimento e o autoconhecimento é o começo da sabedoria. (…)

 

Nasce a sabedoria só quando há liberdade da mente; e a mente que está tranqüila encontrará o Atemporal, que é o Imensurável, surgido na existência. (…) A mente tem de ser induzida a recebê-lo de maneira nova, de cada vez; e a mente que acumula saber, virtude, é incapaz de receber o eterno.(35)

 

Textos de Krishnamurti, extraídos de: Seleta de Krishnamurti

 

Fontes das citações:

(1) Por que não te Satisfaz a Vida, pág. 79  (2) Por que não te Satisfaz a Vida, pág. 80  (3) Por que não te Satisfaz a Vida, pág. 80  (4)O Egoísmo e o Problema da Paz, pág.178-179 (5) Nosso Único Problema, pág. 74 (6) Nosso Único Problema, pág. 77 (7) Que Estamos Buscando?, 1ª Ed, pág. 217 (8) Palestras na Itália e Noruega, 1933, pág. 163-164  (9) Palestras na Itália e Noruega, 1933, pág. 194 (10) Palestras em Adyar, Índia, 1933-1934,pág. 101-102 (11) Viver sem Temor, pág. 14 (12) Viver sem Temor, pág. 14 (13) A Educação e o Significado daVida, 1ª ed, pág. 78 (14) A Educação e o Significado daVida, 1ª ed, pág. 78 (15) A Educação e o Significado daVida, 1ª ed, pág. 79 (16) O Caminho da Vida, pág. 27 (17) Palestras na Itália e Noruega, 1933, pág. 40-41 (18) Palestras no Brasil, pág. 48 (19) Que Estamos Buscando?, 1ª ed, pág. 84-85 (20) Que Estamos Buscando?, 1ª ed, pág. 85 (21) Que Estamos Buscando?, 1ª ed, pág. 86 (22) Que Estamos Buscando?, 1ª ed, pág. 86 (23) Que Estamos Buscando?, 1ª ed, pág. 86-87 (24) Viver sem Confusão, pág. 70 (25) Viver sem Confusão, pág. 71 (26) A Educação e o Significado daVida, 1ª ed, pág. 78 (27) O Homem eseus Desejos em Conflito, 1ª ed, pág. 59 (28) Que Estamos Buscando?, lª ed, pág. 215 (29) Viver sem Confusão, pág. 52 (30) O que te fará Feliz?,pág. 97 (31) Claridade na Ação, pág. 147 (32) Claridade na Ação, pág. 147 (33) Comentários sobre o Viver, pág.94 (34) O Homem e seus Desejos em Conflito, 1ª ed, pág. 29  (35) Nosso Único Problema, pág. 77 

A educação consiste no condicionamento de um indivíduo, através da promessa de várias compensações e vantagens, de modo a que ele adote um modo de pensar e se comportar que, logo que se tornem um hábito, instinto ou paixão, os dominarão “para o bem geral” mas, em última instância, para sua própria desvantagem.

Somos vítimas das nossas virtudes, que nos transformam numa mera função do todo social.

Friedrich Nietzsche 

Fonte Consultada: http://pensarcompulsivo.blogspot.com.br/p/sabedoria.html

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Carnaval e Psicanálise

 

Carnaval e Psicanálise

 “Tudo que é profundo ama a máscara”
NIETZSCHE

O Carnaval está presente nas origens gregas de nossa civilização ocidental. Era uma festa profana de culto a fertilidade, comemorada com sexo e vinho, em reverência ao deus Dionísio.

O espetáculo carnavalesco carrega consigo uma história, traz na bagagem máscaras e fantasias de um mundo subjetivo que se revelam e ganham expressão nessa manifestação cultural, com o lema “tudo é permitido, o carnaval é de todos, e para todos!”

O carnaval provoca uma quebra na ordem social e permite uma inversão de papéis e valores.

Esse período é representado pela mistura de cores, classes sociais, diversão e cultura.

Brincando com as instâncias psíquicas, poderíamos dizer que o Id se solta.

Arromba a porta do porão, salta pra fora e vai pra folia, arrastando consigo o Ego, que num primeiro momento resiste, mas depois acaba aderindo a festa.

A festa do carnaval é considerada a manifestação popular por excelência e o lugar privilegiado da expressão do realismo grotesco. Na percepção carnavalesca assiste-se uma subversão das fronteiras entre o real e a fantasia.

Dentre os elementos explorados na festa, encontramos o riso.

O riso é festivo, universal, todos riem e permitem rir-se de tudo e de todos.

O riso grotesco exalta o “tempo alegre”, que participa no espírito da festa, mas também carrega o tempo da metamorfose, soberano, onipotente e mensageiro da morte.

Lembremos do poeta Frejat que diz que “rir de tudo é desespero”.

No regime alegre carnavalesco, tudo é transitório, os corpos estão em permanente transformação flertando com o perigo e o proibido.

O prazer entra em cena, marcando a satisfação do desejo, contrapondo à dor e ao tédio.

O carnaval parece ser uma licença poética do comportamento, um escapismo.

Nesse momento as fantasias dão asas aos actings outs, parecendo tudo justificado pelo clima dionisíco do carnaval.

A máscara está longe de ser apenas um adorno de carnaval, ela tem um valor catártico.

É um extravasamento, uma liberdade durante os dias de festividade, das rotinas cotidianas e da estagnação habitual.

Como diria Vinícius: “a gente trabalha o ano inteiro, por um momento de sonho, pra fazer fantasia de rei ou pirata ou jardineira, pra tudo se acabar na quarta-feira”.

Ainda no clima de brincadeira com as instâncias psíquicas, vou chamar o Superego que, embora tenha se deixado levar aos exageros dos companheiros Id e Ego nesses dias de folia, renascerá das cinzas e, com um olhar de superioridade, confirmará que voltaremos a sambar ao som das angústias do cotidiano nos próximos meses.

Prof.  Fabiana Taques

Fonte consultada: http://itipoa.com.br/carnaval-e-psicanalise/

UMA REFLEXÃO SOBRE A SABEDORIA

    Sabedoria Muitas vezes, no intuito de ensinar, alguns instrutores vendem ensinamentos de outros - sejam esses ensinamentos adquiri...